No Entre Douro e Minho, o azevém anual é tradicionalmente explorado como cultura intercalar do milho, estreme ou em misturas anuais (ferrãs). Destina-se à produção de forragem verde, em múltiplos cortes, em que o último é reservado normalmente para fenar e, mais recentemente, para ensilar.
O azevém anual pode ser de vários tipos, conforme a sua plóidia (2n ou 4n), o grau de alternatividade e a duração do ciclo vegetativo (perenidade). Na Região a prática tradicional é a sementeira do azevém no outono. Distinção entre variedades de azevém diplóides e tetraplóides pela cor.
Westerwold azevém é uma espécie de rápido estabelecimento anual (ou semestral se semeada no outono), que proporciona alta produtividade na época de sementeira (se semeada com humidade adequada e precocemente). Esta espécie é útil para sementeira imediata após a colheita no início do outono, ou quando altas produtividades são necessárias dentro de 3-6 meses. Têm geralmente uma produção regular com rendimentos de forragem 10-30% superiores aos de plantas perenes. Ao contrário do azevém italiano, produz cabeça no ano de sementeira.
Westerwold azevém é utilizado principalmente para corte.Azevém italiano fornece forragem de excelente qualidade por até dois anos, dependendo do clima e humidade disponível. Devido à sua rebrota rápida, muito desenvolvimento no início da primavera e um período prolongado de crescimento no outono, esta espécie tem geralmente uma maior produtividade total de azevém. Apesar de que existem grandes diferenças entre as variedades, resistência e persistência de inverno são geralmente limitadas, portanto, a utilização de azevém italiano deve, acontecer por um período de 1-2 anos e para fazer adubação verde, caso o agricultor assim o entenda. Esta espécie alcança os seus rendimentos mais elevados, quando utilizado para zero sistemas de pastejo. Quando semeadas na primavera, estas variedades não produzem semente no mesmo ano. Isso resulta numa produção de forragem de baixa qualidade. Quando semeadas no outono, sobrevivem ao primeiro inverno muito bem, mas a cabeça com a semente só surgirá na próxima temporada. Tal como acontece com azevém perene, as variedades tetraplóides de azevém italiano têm maior rendimento, em verde, menor teor de matéria seca, as folhas mais largas e resistência às doenças, muitas vezes melhor. Embora variedades diplóides sejam mais resistentes a invernos rigorosos.
A escolha de variedades faz-se conforme a utilização e condução da cultura, dando-se preferência às variedades menos sensíveis às doenças e à acama, e com maior tolerância à secura. Tratando-se de uma cultura intercalar do milho, instalada no outono e explorada em cortes múltiplos com fenação ou ensilagem do último, a escolha da variedade deverá ter em conta os seguintes aspetos:
Preparação do solo: Depende das condições do terreno, do grau de infestação e da cultura anterior. Quando a cultura do azevém sucede à do milho, para obter uma boa cama é suficiente a mobilização superficial com gradagens. Se a parcela não foi cultivada anteriormente e existem plantas infestantes, é necessário fazer a lavoura e gradagens antes da sementeira.
Sementeira: Faz-se o mais cedo possível no outono, sobretudo quando se pretendem fazer vários cortes. Recomenda-se a densidade de sementeira de 25 a 30 kg/ha para as variedades certificadas diplóides e 35 a 40 kg/ha para as tetraplóides. A distribuição da semente pode ser manual ou mecânica. A sementeira é mais rápida com um distribuidor de adubos centrífugo, mas é preciso ter alguma experiência na sua regulação e na distribuição da semente.Fertilização: Como nas outras culturas, devem se respeitar os resultados das análises de terra, sobretudo na altura da instalação. Em geral faz-se uma fertilização orgânica à instalação, normalmente com chorume e, devido à forma de exploração do azevém, uma adubação química após cada corte.
Nas condições habituais de solo, clima e de produção do Entre Douro e Minho o azoto é o único macronutriente para o qual é necessária a aplicação regular, podendo perfazer 150 a 200 unidades/ha, sobretudo num ritmo de cortes intenso. Parte destas doses pode ser fornecida pela aplicação de chorume e/ou estrume.A exploração do azevém tem o objetivo de satisfazer as necessidades alimentares dos animais, podendo seguir uma das seguintes modalidades:
Em verde e conservação: após vários cortes para consumo em verde, faz-se um último destinado à fenação ou ensilagem. Neste caso, a exploração em verde não deve ultrapassar a fase de emborrachamento, isto é, quando o esboço da espiga está a 10-15 cm de altura do solo (geralmente na primeira semana de março). O período do corte para conservação situa-se entre o início do espigamento e o pleno espigamento (fase reprodutiva abril a maio), não devendo ultrapassar o início da floração. Para a produção de silagem, o corte deverá ser feito no início do espigamento, não devendo ultrapassar o espigamento médio; recomenda-se uma pré-fenação. Para a produção de feno, o corte deve ocorrer entre o início e o fim do espigamento, de preferência utilizando uma gadanheira acondicionadora, para que o tempo de secagem seja mais rápido.Em verde (exclusivamente): faz-se durante o período vegetativo (estado folhoso), entre o afilhamento e o encanamento, com cortes sucessivos. Se a sementeira for cedo, pode-se fazer o primeiro corte cerca de mês e meio depois (ao afilhamento médio plantas com 20 cm de altura). O intervalo entre os cortes seguintes deverá ser de 3 a 4 semanas, para permitir uma rebentação adequada da cultura depois de cada corte. O emborrachamento e início do encanamento verifica-se de fins de fevereiro até março.
Conservação (silagem e/ou feno): utiliza-se sobretudo com a consociação de azevém com aveia, em que é vulgar um corte quando as plantas atingem cerca de 20 a 30 cm de altura e o último corte será para conservar. Para obter uma forragem de azevém com as melhores características de produção e qualidade aconselha-se que não seja feita para além do espigamento.Nas regiões favoráveis à cultura do azevém anual, como o Entre Douro e Minho, é possível atingir níveis de produção na ordem de 60 toneladas de matéria verde (MV) por hectare e cerca de 12 toneladas de matéria seca (MS) por hectare.
A produção de MV e de MS, conforme o estado vegetativo e nos vários modos de exploração da cultura, tem os valores médios abaixo indicados. Naturalmente, estes valores dependem da capacidade de rebentação e recrescimento da cultura, do nível de adubação azotada, da sensibilidade ao ritmo de cortes e da precocidade da variedade.Cortes no estado folhoso: 10 toneladas MV/ha com 10 a 12% de MS (cerca de 1 tonelada MS/ha);
Corte ao emborrachamento/início do encanamento: 15-25 toneladas MV/ha com 14 a 16% de MS (2 a 4 t MS/ha); Corte ao espigamento: 30-40 toneladas MV/ha com 16 a 18% de MS (5 a 7 t MS/ha); Corte único para conservação (azevém e aveia): 40-60 toneladas MV/ha com 18 a 20% de MS (7 a 12 t MS/ha).A aveia é uma forrageira de clima temperado e subtropical, anual, de hábito ereto, com desenvolvimento uniforme e bom perfilhamento. A produção de sementes varia de 600 quilos/hectare a 1.600 quilos/hectare. Apresenta excelente valor nutritivo, podendo atingir até 26% de proteína bruta no início de pastejo, com boa palatabilidade e digestibilidade (60% a 80%). É uma planta atóxica aos animais em qualquer estádio vegetativo. A produtividade varia de 10 t a 30 t de massa verde/hectare, com 2 t/ha a 6 t/ha de matéria seca. Adapta-se bem a vários tipos de solo, não tolerando baixa fertilidade, excesso de humidade e temperaturas altas. Responde muito bem à adubação, principalmente com nitrogénio e fósforo. Suporta o stress hídrico e geadas.
Algumas cultivares são suscetíveis a doenças, principalmente a ferrugem. Quanto às pragas, tem-se verificado danos causados por lagartas e pulgões. Densidade de sementeira: quando usada em extreme a densidade de sementeira é de 80 a 100 Kg por hectare. Quando usada em consociação com outras sementes forrageiras a densidade é reduzida para os 30 a 40 Kg. Algumas variedades de aveia:O nosso compromisso é garantir a responsabilidade ambiental na agricultura, permitindo que o nosso legado às gerações futuras seja o da sustentabilidade do mundo rural.